Estar no escuro e não poder acender uma lanterna ou uma vela causa um desconforto.
A orientação para os espectadores de Tarja Preta foi para colaborar com o black out, evitando estar com o celular ligado ou qualquer outro aparelho. Foi um desafio para mim não poder ligar a minha câmera fotográfica, confesso que até tentei, mas ao ver o visor dela quebrar o black out retrocedi e não fotografei durante a apresentação de Tarja Preta.
Me vi no escuro desejando que alguma luz iluminasse a cena algumas vezes durante o espetáculo, senti ansiedade, apesar de já conhecer Tarja.
Participei do processo de construção do Três no Escuro, projeto que reúne os solos "Mal" e "Tarja Preta" e a videodança inacabada "Desfocado" da qual estive mais imersa no processo.
Reencontrei a minha ansiedade reassistindo Tarja hoje, encontrei a trilha sonora como se não a tivesse ouvido daquele jeito antes, e ainda senti que do meio pro fim do espetáculo a soma da trilha com o ar condicionado deu um tom ainda mais cíclico a apresentação. Reencontrei a necessidade de falar, expressar, compartilhar os momentos de angústia, limitação, estresse, depressão, fragilidade. Principalmente encontrei a maturidade do espetáculo, reencontrei Joelle e senti uma imensa admiração pela sua entrega a Tarja, pela sua força em cena e ao fim na conversa com o público.
Fiquei emocionada e agradecida pelas memórias e reencontros que reassistir Tarja me trouxe.