Tete adorava o clique da câmera, ficava ansiosa por terminar de usar o rolo de filme para poder mandar revelar e relembrar tudo aquilo que tinha capturado através do clique. Os retalhos pela oficina de costura de sua avó podiam fazê-la terminar com um rolo de filme sem perceber. Tantas cores e texturas, era só misturar de um jeito, dobrar de outro, jogar tudo pro ar, ou observar enquanto Tita escolhia os retalhos, e depois os enrolava com apreço passava um pouco de cola para fixar e dar forma aos braços, pernas, corpo e cabeça da boneca. Compartilhava do pensamento de Tita de que o momento mais encantador era agrupar os pedacinhos de tecido e compor com muitas cores o cabelo da boneca.
Tita tomou gosto por fazer as bonecas, não queria colecioná-las, mas sentia que construía uma história ao dar forma a cada uma delas. Pouco depois de fazer suas primeiras bonecas, Tita foi visitar com uma prima que estava com catapora, levou uma três bonecas dentro da bolsa sem querer e teve vontade de presentear a prima com uma delas. Para alegrá-la estimulou-a a criar uma história para aquela boneca, e riram um bucado imaginando que a boneca era médica, que iria cuidar das outras bonecas para que elas não pegassem catapora também.
Depois daquele dia o prazer de criar as bonecas entrou em sintonia com a realização de criar histórias, e Tita resolveu fazer uma boneca para cada pessoa que ela conhecia. Tete sempre estava por perto fotografando e não tinha como Tita convencê-la de que ela deveria largar a máquina e ajudá-la a fazer as bonecas. Ao receber um álbum com as fotos do processo de elaboração das bonecas, Tita e Tete decidiram dar ainda mais vida as bonecas e suas histórias através da fotografia.
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