Compreendi na adolescência que não tinha relacionamento com a minha avó paterna nem como meu avô materno, nem por isso deixei de desejar ter avôs, mas ao mesmo tempo não optei por ir atrás deles. Não me deram o direito de ir ao enterro da minha avó, ela é uma memória que foi se apagando após os meus 18 anos.
A minha mãe sempre manteve a memória dos pais dela viva. Buscou pelo pai dela de uma forma que eu nunca busquei pelos meus avôs, nem pelos meus pais.
E vim aqui escrever no dia 30 de junho, pois não sabia bem o que escrever sobre o enterro do pai da minha mãe.
Passei o dia referenciando ele assim, o pai da minha mãe, pois ao dizer para qualquer pessoa que o meu avô faleceu, estaria certa de que haveria uma comoção forte, e ao não me referir a ele como avô tentava contar sobre a nossa não relação, e minimizar a comoção que surgiria nos outros e que esperariam em mim.
Não vejo a morte dele com indiferença, ir ao seu enterro não foi um dia como outro qualquer.
Foi uma breve estadia num seio familiar que por motivos alheios a meus desejos não era o meu. As pessoas que me reconheciam por já terem ouvido falar de mim, a mim nunca foram referenciadas. Já as mais próximas do meu avô que eu via estarem sofrendo, geravam em mim consolo por sentir que havia afeto por ele.
Estava consciente de que não busquei por ele, assumi como real o distanciamento que reconheci de alguém que não me convidou para ficar perto e que não me movi para me aproximar.
A morte pra mim é sinônimo de avó, pois perdi a minha avó materna com 1 ano e 10 meses e a ausência dela é um sentimento que continuo trabalhando para amadurecer.
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