Nascer na metade da década de 40 permitiu a Elinaldo Barros Soares por meio do que pode captar das décadas de 50 e 60 (fase de sua adolescência), realizar atividades sempre relacionadas à literatura, música e principalmente a sua paixão, o cinema. Como professor ou como jornalista colaborador e pesquisador Elinaldo prima por incentivar as mobilizações culturais quer através de atividades dirigidas aos seus alunos ou em meio às tantas publicações realizadas nos mais variados jornais da capital de Alagoas.
Maceioense do bairro da Ponta Grossa, Barros nasceu em 23 de dezembro de 1946, teve uma infância tranquila e saudável, iluminada pela peculiar atração que o cinema despertara nele desde muito pequeno. Seus pais não frequentavam as salas de exibição, contudo, Elinaldo costumava passar várias vezes na porta do cinema de seu bairro o Cine Lux, o maior cinema de Maceió, observava o movimento e os cartazes dos filmes em exibição incansavelmente.
Assistia aos mais variados filmes nas matinais e matinées, brincava fingindo ser os personagens que o inspiravam, narrava os filmes para os colegas, além de brincar de cinema. Catava fotogramas (partes do rolo de filme ou pedaços de sonho, para Elinaldo) desprezados pelas redondezas do Lux ou estragados, e montava com caixas de maizena uma “sala de exibição” fictícia, recontava os clássicos que o marcavam ou inventava o seu próprio filme.
Na escolha por sua profissão, ciente de que química, física e matemática não despertavam o seu interesse, Elinaldo optou pela área de humanas que naquela época centralizava apenas Direito e Letras. Descobriu, então a sua vocação por lecionar, afirma que exercia suas profissões, lecionar e escrever, desde que entrou na Universidade Federal de Alagoas em 1967, passando no concurso para ensinar no estado em 1970. Dividiu-se entre escrever para jornais, o que fazia desde 1965 onde começou com uma coluna esportiva e deslanchou como colaborador das colunas de cultura, e lecionar em colégios públicos ou privados, o que pode intensificar após graduar-se em Letras.
Justifica o seu desenvolvimento cultural e envolvimento social graças aos conhecimentos literários e cinematográficos adquiridos no contato com as grandes obras da literatura brasileira, e no contemplar das grandes produções do cinema novo, dos clássicos europeus e hollywoodianos. Dedicando-se a repassar todos esses conhecimentos durante o seu percurso como pesquisador e professor, quer ao trabalhar no Departamento de Assuntos Culturais, extinto órgão da Secretária de Educação, ao dirigir o Museu da Imagem e do Som de Alagoas (Misa), ao participar de comissões organizadoras de Festivais e eventos através do seu engajamento com a Secretaria de Cultura ou ao contribuir com resenhas culturais nos jornais, nas emissoras de televisão e na rádio Educativa por meio do programa Difusão Cultural.
Elinaldo consagrou-se como crítico de cinema, e já adicionava essa arte em suas atividades como professor. Teve oportunidade para comprovar os seus conhecimentos cinematográficos ao ser convidado para construir um projeto baseado numa obra de Benedito Ramos. Revelou-se roteirista ao adaptar e auxiliar a produção de Ramos que gerou o filme Mestre Lourenço Peixoto, pertencente à fase de realizações em Super 8, na década de 80. Contemplou os Festivais de Cinema em Penedo e refletiu essas e outras experiências ao publicar seus três livros (publicações únicas sobre o cinema maceioense): Panorama do cinema alagoano, 1983; Cine Lux - Recordações de um cinema de bairro, 1987 e Rogato – A aventura do sonho das imagens em Alagoas, 1993.
Já na década de 90, além de crítico e professor, Barros assumiu o cargo de diretor e organizador da Sessão de Arte no cinema do Shopping Iguatemi, um espaço construído com a intenção de exibir filmes que não estivessem inseridos nas cadeias comerciais, uma iniciativa inovadora para o cenário dos cinemas alagoanos. Projeto que comemorou sua primeira década de funcionamento esse ano e que já mobilizou os mais diversos públicos para frequentarem o cinema nas noites de sexta e nas manhãs de sábado.
Elinaldo Barros é um cinéfilo apaixonado pela arte de escrever e com alma de professor que por toda a sua vida aproveitou as oportunidades para desenvolver atividades e auxiliar iniciativas que exercitassem uma das ou todas as suas profissões e paixões.
Texto escrito em setembro de 2005 por Larissa Lisboa como exercício do Laboratório Integrado de Jornalismo Impresso 2, do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
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