quinta-feira, janeiro 06, 2022

Breve reflexão sobre um dos ciclos da minha jornada "profissional"

No dia 06 de janeiro de 2021, encerrei um ciclo de oito anos e oito meses no qual estive como analista de audiovisual do Sesc Alagoas. 


Como uma pessoa que valoriza a contagem do tempo (talvez até demais) não poderia deixar de reconhecer que passou um ano. Ao mesmo tempo que não me privo de notar que daqui há quatro meses, vai completar uma década que comecei, através da oportunidade e privilégio de me tornar uma funcionária da coordenação de cultura do Sesc, a minha jornada “profissional” na produção cultural em audiovisual.


Coloco profissional entre aspas porque a minha jornada com a produção/direção audiovisual teve início em 2007, e quer ela seja ou não considerada como “profissional”, foi através dela, da pesquisa que me propus a fazer sobre o audiovisual alagoano, e da minha determinação em fazer tudo que foi oficina de audiovisual que pude, que tive como provar na seleção do Sesc que merecia ficar como segunda colocada para a vaga de analista de audiovisual.


Sou imensamente grata por ter aprendido a ser produtora cultural em audiovisual no Sesc Alagoas, como produtora de ações formativas e instrutora; curadora e produtora de exibições e mostras, mesmo carregando tanta insegurança e vergonha boa parte do tempo.


Me responsabilizo pela insegurança e vergonha, mas é tolice querer acreditar que era coisa da minha cabeça. É falta de coragem inclusive ver apenas a minha responsabilidade diante do que o trabalho me provocava. Porque é muito mais fácil acreditar que a minha insegurança e vergonha eram simplesmente geradas pela minha personalidade, do que encarar que elas são alimentadas pelas relações sociais e de trabalho, prioritariamente pelo dever de agradar, pela obrigação de adaptar-se incansavelmente, pela falta de diálogo e naturalização dos silenciamentos.


Dentro da prática de trabalhar com marcadores mais que nunca é preciso criar mensurações, atenção e estruturas para a saúde mental.


Ainda falando em silenciamento, a linguagem do audiovisual no Sesc Alagoas foi silenciada após a minha saída, e isso diz muito, mas não há muitos que queiram de fato ouvir, enxergar, cobrar e por aí vai.


No momento que me vi concluindo a minha atuação junto ao Sesc, compreendi que finalmente tinha chegado a fase da minha vida em que iria poder rever e refletir sobre tanta coisa que não tinha sido possível em meio a correria das demandas, metas e cobranças. Em meio também ao condicionamento que se aprende a perpetuar para evitar o desemprego.


365 dias já não seriam suficientes para processar tantas vivências, menos ainda em meio aos novos e velhos gatilhos dos tempos pandêmicos. 


Minha intuição me diz há muito tempo que eu preciso escrever, e estou buscando me permitir fazer mais o que ela me propõe. E assim, escrever esse texto não é um começo, nem será uma conclusão. 


Um dos muitos aprendizados que levo comigo é o de que o reconhecimento precisa começar por mim, o que me estimula a buscar coragem para revisitar e contar a minha história porque não há quem possa fazer isso por mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário