Perguntas feitas por Jessica Viturino
1 – Como e onde surgiu o seu interesse em produzir conteúdos para o cinema alagoano?
Minha disposição para pesquisar sobre a produção local surgiu em 2003 quando Almir Guilhermino me contou sobre a produção realizada em Alagoas e me indicou a procurar Elinaldo Barros. O encontro com o livro Panorama do Cinema Alagoano me instigou a procurar saber o que tinha sido produzido em audiovisual no estado após 1983.
O meu interesse em produzir conteúdo como uma videomaker ficou inegável depois que tive aulas de Laboratório de Imagem e passei a filmar nas aulas e desejar ver o conteúdo montado em filmes.
2 – Quais as principais dificuldades que encontrou ao tentar adentrar nesse meio?
A maior dificuldade até hoje é lidar com o padrão mercadológico. Ao ponto que me vi com uma câmera na mão já compreendi que podia fazer cinema. Não tinha ambição de ser uma cineasta, e ainda tenho dificuldade com o que se entende por ser cineasta. Por isso me reconheço como uma videomaker, como alguém que é apaixonada pelo audiovisual e se expressa através dele. Não senti dificuldade pra entrar, porque não enxerguei como se eu precisasse entrar em algum grupo ou espaço pra poder produzir.
Não me vejo como uma profissional posicionada no mercado do audiovisual, nesse caso sinto que tem muita dificuldade de adentrar, pois precisa estar disposto a oferecer o que o mercado exige e demanda.
3- O que este espaço trouxe ou ensinou para você do início até aqui?
As oficinas amadureceram o meu olhar, mas elas me apresentaram a um cinema que parecia distante do que depois eu reconheci que poderia fazer. O processo de fazer um filme me ajudou a desconstruir as expectativas, reconhecer o que era possível e sentir prazer ao me expressar pela linguagem audiovisual.
4- Que importâncias essa atuação tem para você e outras mulheres?
Os encontros com o cinema de outras mulheres são renovações das minhas inspirações e forças. Não tinha a dimensão disso há uma década atrás, mas sentia e reconhecia as mulheres que me inspiravam e desejava trabalhar com elas. Tenho prazer em dizer que dividi a direção com Alice Jardim do documentário que fizemos sobre Celso Brandão em 2008, e ela é uma profissional que me inspira muito até hoje.
Após participar da produção de Delas, documentário de Karina Liliane sobre a presença das mulheres no audiovisual alagoano, compreendi melhor a importância da atuação das mulheres e passei a refletir bastante sobre o que era preciso investir, e tenho desejado a cada dia compartilhar com as mulheres e viver mais a presença delas no audiovisual alagoano.
5 – Quais são as suas referências e inspirações para continuar produzindo?
O audiovisual alagoano é a minha principal referência e inspiração.
6 – Do seu ponto de vista, ainda há muitas atitudes machistas por parte dos telespectadores?
As atitudes machistas estão no cotidiano, precisamos falar sobre elas, ensinar aos outros e a nós mesmos em todas as oportunidades possíveis sobre a necessidade e importância da igualdade entre os gêneros. Sobre a injustiça que é ser invisibilizado, discriminado, violentado por seu gênero, por quem se ama, pela sua cor, pela sua origem.
7 – Quais as abordagens que você faz questão de enfatizar nas suas produções?
Os meus filmes não tem abordagens similares, a conexão que vejo entre eles é a paixão que sinto pelo que escolhi retratar.
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