A escrita foi meu primeiro espaço de encontro com meu eu artístico. Me quis poeta, mas logo aprendi que o que eu fazia não era poesia. Nesse descompasso entre o que eu queria e o que eu podia fazer, tive meu primeiro bloqueio artístico, e desacreditei que eu tinha direito de criar a poesia como eu bem entendesse.
O meu então segundo espaço de encontro com meu eu artístico foi a fotografia. E eu me quis poeta das imagens, poeta do encontro das palavras com as imagens e autora de livros de fotografia. O querer seguiu sendo bombardeado por todos os lados por mim e por todas as pregações do que deve ou não ter reconhecimento e valor artístico, mas fui pavimentando caminhos para encarar e superar bloqueios e não desacreditar por inteiro de que eu podia criar poesia com as imagens.
A pilha de fotolivros submetidos a convocatórias e negados pode não compor mais que uma dezena de títulos, mas dimensiona a capacidade que ficou escondida e perigando seguir desacreditada por falta de oportunidade.
Várias vezes defini oportunidade, como uma ação que estaria atrelada a ter uma criação minha escolhida por terceiros, por alguma iniciativa oferecesse financiamento e/ou reconhecimento. Mas também me permiti em outro momentos defini oportunidade como uma ação minha de buscar criar o que eu não encontrava no mundo.
E foi em mais um gesto de dar conta de me dar o que me seguia sendo negado que eu decidi autopublicar um fotolivro, "Refletida - Livro de Bolso" (https://issuu.com/larefletida/docs/refletida_-_livro_de_bolso_isuu). Essa ideia me veio como consolo, pois eu estava mais uma vez criando um fotolivro para uma convocatória e não queria que ele ficasse empilhado junto aos demais fotolivros que esbocei e engavetei.
E apesar de ter a noção que poderia ser simples autopublicar, a minha insegurança somou para que não fosse, empaquei está autopublicação por algum tempo enquanto lutava comigo mesma para me permitir dar esse passo, que eu sabia que era um investimento em mim mesma também.
Reuni em "Refletida - Livro de Bolso" ilustrações que fiz durante 2021 em meio a pandemia de covid-19 e fotografias que fiz antes da pandemia, mas que editei em meio a construção deste fotolivro. Utilizei para construir a versão que apresento de quase todas a imagens o aplicativo mirror do Instagram - na opção que simula um caleidoscópio, pois caleidoscopiar foi o que me estimulou a seguir fotografando. Caleidoscopiar foi também o que me entusiasmou a revelar as minhas ilustrações através do efeito caleidoscopico.
A parte mais prazerosa foi definir quantas e quais imagens estariam em "Refletida", optei por compor dez duplas, utilizando 20 páginas do limite de 30 que a convocatória propôs. E a parte mais desafiadora seguiu sendo escrever sobre o processo e mais ainda sobre as imagens escolhidas (o que eu ainda fujo de fazer diretamente).
Para falar brevemente sobre como resolvi o bloqueio que me surgiu por não conseguir escolher qual seria a capa deste fotolivro. Testei imaginar se poderia ser alguma imagem que eu já tivesse criado em 2021 ou algo que eu desejasse imaginar, mas não funcionou. Depois de meses de indefinição, me lembrei deste experimento que comecei há fazer mais recente de acumular traços e percebi que eu finalmente sabia qual a capa que eu queria criar.
Tive a colaboração de Carol Almeida Ribeiro para revisão do texto, a quem sou imensamente grata.
"Refletida - Livro de Bolso" pode ser visualizado pelo ISSUU onde está em formato página dupla, e também pode ser baixado ou visualizado pelo drive em formato página única.
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