Queria ter guardado a data em que minha mãe me deu a lindíssima bolsa de tricô azul feita de fio de malha, creio que foi no segundo trimestre deste ano (2016).
Não foi a primeira bolsa de tricô que minha mãe me deu, comecei a universidade (em 2003) usando duas bolsas de tricô que ela fez com linha uma toda colorida e a outra toda preta, usei elas até cansar. Uso e guardo (mesmo que na memória apenas) as bolsas que ela fez e me deu com muito carinho.
Não foi a primeira bolsa de tricô que minha mãe me deu, comecei a universidade (em 2003) usando duas bolsas de tricô que ela fez com linha uma toda colorida e a outra toda preta, usei elas até cansar. Uso e guardo (mesmo que na memória apenas) as bolsas que ela fez e me deu com muito carinho.
Mas foi a bolsa de tricô azul de fio de malha que me fez querer aprender tricô.
Comprei uns rolos de fio de malha em agosto, mas só parei em casa em outubro, no primeiro dia do mês (essa data guardei), sentei no sofá me sentido uma criança de doze anos e pedi a minha mãe que me ensinasse a fazer uma bolsa com tricô.
Parecia uma coisa de outro mundo, usar um par de agulhas para passar o fio numa amarração ordenada e complexamente simples. Nem vou falar da parte inicial para amarrar a linha em uma das agulhas que foi a parte mais difícil pra mim. Depois de umas duas horas repetindo, consegui quebrar a primeira impressão de que não aprenderia jamais. E a noite, quando retomei o aprendizado dessa vez buscando lembrar sozinha o passo a passo, o tricô começou a fazer sentido, quanto mais eu fazia mais gostava de fazer, mesmo pegando troncho na linha e errando a sequência.
A primeira bolsa que fiz também foi azul e tem como dona a minha mãe.
Não acreditava que tinha habilidade para construir uma bolsa com minhas mãos, através do tricô descobri um mundo de possibilidades que achava inacessível. Além de ousar construir mais que uma dezena de bolsa com linhas ordenadas e desordenadas, também pude construir o meu figurino (três aventais) para uma espetáculo que estou fazendo (Alice?! - Cia. do Chapéu).
Nesses dois meses o tricô foi meu vício e terapia, a vontade de fazer bolsas se renova a cada fio de malha que encontro aqui em casa, ou compro; o desejo de continuar fazendo tricô é germinado quando concluo uma bolsa, às vezes até no processo de uma bolsa pego outras agulhas e começo uma outra bolsa. Não tenho vontade de parar, quero concluir e começar uma nova bolsa. Através do tricô reflito em outro tempo, relaxo, respiro, caminho na linha e na entrelinha.