domingo, fevereiro 26, 2012

Quebra-cabeça

Gostava de montar quebra-cabeça desde pequena.
Encaixar peça por peça e perceber a imagem que formava.
Mesmo quando a mente cansava e não conseguia mais enxergar as peças que se encaixariam para completar aquele todo. Apreciava o detalhe de cada peça, as que estavam soltas, as que já formavam uma parte da imagem. Respeitava o tempo que sua mente precisasse para decifrar o processo de interpretação das peças e de como reuni-las.
Havia os quebra-cabeças que nem sabia por onde começar. Pegava peça por peça, tentava encaixar e dificilmente se cansava, poderia passar um dia inteiro.
Ah se conseguisse encarar a vida com a cumplicidade e tranquilidade que dedicava as peças de quebra-cabeça...


quarta-feira, fevereiro 08, 2012

Refém das palavras

Ela sempre foi muito observadora.
Mas isso não funcionava muito bem para saber o que esperar das pessoas a sua volta. Conseguia perceber o que eles faziam, falavam, as expressões e os gestos, mas nunca conseguiu observar com clareza o sentimento e pensamento que estimulava cada uma daquelas pessoas. Vivia como refém das palavras, pois guiava-se através delas. E no silêncio ou quando presenciava a economia de palavras, tinha que guiar-se através de seus pensamentos, quando conseguia superar as dúvidas de interpretação, criava sua versão para tudo o que vivia, nem sempre coerente com o que foi vivido.