quarta-feira, maio 04, 2016

Mudança


Estava há mais que uma década estudando na mesma escola, acreditava que aquela era a sua segunda casa, que os amigos e os professores eram parte da sua família. Mas estava no oitavo ano e a escola não tinha ensino médio, disponibilizava nono ano apenas a tarde. Havia estudado a vida toda pela manhã, estudar a tarde significava mudança, significava muito mais do que poderia processar. 

Pesou todos o fatores e com grande tristeza preferiu mudar de escola. Preferiu ir para uma escola onde ninguém a conhecesse, mas não estava vendo por esse viés. 

Acreditava que tinha amigos independente da escola onde estudasse, mas na verdade não os tinha. Tinha apenas a força dos bons encontros que sempre estariam com ela e a impulsionariam a continuar sendo espontânea e persistir. Tinha aqueles livros que a professora de português do oitavo ano colocou para leitura. Aquelas inspirações tão vívidas do que foi lido, ouvido, sentido. De escrever e ser lida. De ler e compartilhar com os outros. De ouvir "Metal contra as nuvens" e imergir num outro mundo.
Uma fé mesmo sem religião. Fé de poder amar e de se sentir amada (mesmo que por tempo determinado). 

Mesmo que depois de 4 anos convivendo com aquela pessoa, ela lhe vire a cara ao passar por você na rua. Mesmo que você faça alguém de confidente e ele não lhe faça de confidente. Mesmo que você não reconheça aquela pessoa em quem você se espelhou a vida toda.

Chorando até sorrir.
Rindo até chorar.

Vivendo buscando vencer as perdas ou colecionar novas (querendo, sem querer).
Lutando para não temer demais.
Sentindo o coração pulsar.
Desejando encontrar mais pessoas que não restrinjam as suas vidas a julgar e por a culpa nos outros.