terça-feira, maio 29, 2012

Tita e a ordem das árvores

Tita com o dicionário nas mãos pergunta a sua mãe. “Como se escreve gugue? Não acho aqui no dicionário”
“Tita, Google não é uma palavra em português, é inglesa.”
“Ufa! Por isso que é tão difícil.”

Tita deixou o dicionário no quarto e voltou com a tarefa da escola.
“Quero pesquisar os pássaros. Preciso fazer pesquisa no gugue!”
“Mas filha você tem um site mais bonito que o Google pra fazer pesquisa!”
“No gugui tem fotos! Naquele de bebe não tem fotos!”

Mila colocou na página do Google e deixou nas fotos dos pássaros para Tita escolher qual queria pesquisar.

Tita abriu foto por foto, e depois de uma hora ainda, muitas janelas aberta e ela não sabia que pássaro escolher. Mila se surpreendeu ao voltar para ver o que Tita estava olhando e encontrá-la ouvindo a música “A ordem das árvores” de Tulipa Ruiz.
“Beija-flor é casa de ipê?” perguntou Tita.
“Oh mãe! A ordem das árvores não altera o passarinho, viu?”

Mila caiu na gargalhada junto com Tita. E mostrou para a filha a letra da música e depois escreveu ordenando o que era árvore e o que era pássaro para que ela pudesse entender.

“Beija-flor é um pássaro? Que bonito beijar a flor.”
Tita escolheu o Beija-flor para desenhar e apresentar na escola e levou a música de Tulipa para mostrar para aos colegas.
“Olha só ela tem nome de flor! Será que o beija-flor beija a Tulipa? Vê só como ela fala engraçado das árvores e dos pássaros” dizia para todos os coleguinhas ao colocar a música para tocar em seu mp3 na hora do intervalo durante vários dias seguidos.

terça-feira, maio 15, 2012

Longa, média ou curta

Ela sentou sozinha a mesa com uma folha de papel em uma mão e um lápis na outra, e mesmo "armada" não era fácil organizar as ideias e selecionar as palavras para construir aquela história. Talvez se desenhasse poderia se expressar mais objetivamente?, pensou. Começou a desenhar, mas a indecisão também alcançara a ideia de desenhar e não conseguiu seguir o traço e construir mais do que uma linha reta.
Respirou fundo e escreveu "Objetivo: construir uma história linear?".

"A casa de Gisele, primeira elemento dessa história." É talvez se eu descrever alguns elementos, dou uma rasteira nas incertezas e me libero. "O quarto de Gisele era azul, havia trocado com seu irmão quando tinha cinco anos, o argumento dele para a troca foi de que o quarto dela era muito sem graça por ser branco. Ele tinha cinco anos, Gisele com quinze achou tão engraçado, disse que trocava por uma noite e após uma década a troca não fora desfeita."

"Desejo de Gisele, segundo elemento da história. Quando tinha sete anos Gisele queria um vestido com estrelinhas igual ao de sua Boneca, não precisava ser da mesma cor, só ter estrelas. Sua mãe não achou um vestido com estrelinhas e chegou em casa com um vestido branco e umas canetas para tecido e propôs a Gisele que juntas desenhassem as estrelas. Era um recordação muito doce lembrar daquela tarde desenhando estrelas coloridas em seu vestido junto com sua mãe."


domingo, maio 06, 2012

Não quero tapioca

Era a primeira vez que Caio sentia o cheiro de uma tapioca.
Teve momentos em que ouvira seus pais falarem ou comerem tapioca em sua casa, mas o cheiro só ficou marcado em sua memória ao ver a tapioca sendo feita naquele momento.
Estava na praia com seus pais e aguardava o seu pedido ficar pronto. Ao ver tantas opções de sabores, ficou confuso e acabou pedindo o sabor tradicional tapioca com coco e queijo. Seu pai pediu uma tapioca mista e sua mãe uma tapioca de quatro queijos. O primeiro cheiro que alcançou as narinas de Caio foi a da tapioca de quatro queijos, abriu o seu apetite. Quando sentiu o cheiro da tapioca de presunto, teve certeza que ela também teria sido uma boa escolha. Foi mais difícil de reconhecer o cheiro de sua tapioca tradicional, pois não era tão forte, nem conseguiu incentivar mais o seu apetite depois dos cheiros anteriores.
E eis que quando recebeu sua tapioca e foi experimentá-la, só conseguia pensar nos outros sabores. Estranhou o gosto do coco e mal comeu a primeira metade de sua tapioca. Acabou por tomar todo a primeira e a segunda lata de refrigerante, não quis pedir outra tapioca, ficou abusado e pediu para ir embora para casa.
Seus pais ofereceram suas tapiocas, mas Caio sentia-se enjoado. A atração despertada pelos cheiros transformou-se em mal estar. Seu pai perguntou o que ele estava sentindo, ele disse que não estava com fome, que não queria mais nem refrigerante.
Ao ver que a mãe terminou de comer sua tapioca, Caio sentou no seu colo. Sua mãe conferiu sua testa para ver se ele estava com febre, perguntou se a garganta doía, ele apenas acenou negativamente com a cabeça.
No carro, Caio dormiu um pouco e assim que o carro parou em casa o mal estar reapareceu e só foi embora depois que ele vomitou.