Não curte muito os professores, só o mais jovem de todos que tem pinta de artista e que por ser professor de redação faz umas leituras muito interessantes com sua vozeirona.
Próximo ao fim do ano você fica sabendo que estão montando um grupo de cinema, tinha outros grupos de leitura, de catecismo e de nem sei mais o que. Contudo o de cinema definitivamente é o que parece mais atrativo. E você não tinha mais nada para fazer, pensou que ao menos com esse você poderia se divertir, quem sabe até assistir uns filmes legais, tipo aqueles que você ainda não tinha visto na TV ou locado.
Logo na primeira reunião fica claro que você é diferente das pessoas que também interessaram-se por este mesmo grupo, pois todos querem ser atores e atrizes e você definitivamente não quer isso, pois nunca conseguiu ver-se desse jeito. Outra coisa que fica bem evidente é que o objetivo do grupo é o de filmar uma adaptação de um conto de Lygia Fagundes Teles. E você entra nessa sem nem saber como faz ou se sabem fazer, mas é interessante. Sim, mas tem uma coisa muito importante que é o organizador do grupo, diretor e roteirista do projeto é aquele professor de redação bacana, super desenrolado. E ele ao ver que pode ter em você um apoio técnico logo lhe coloca na assistência sem pestanejar.
Poucas reuniões ou ensaios depois, lá estão vocês no “set” que você como nem sabia nada de termos técnicos possivelmente nem chamava assim, mas inacreditavelmente você sabia o que era ser um continuista e assim assumiu esse cargo.
Contudo houveram gravações que foram fora do colégio e a noite e por ter 16 anos e não conhecer o professor sua mãe não lhe deixou ir.
Você como sua mãe, nem deu muita importância a isso.
Obviamente que muitos anos depois ou talvez uns dois apenas quando você finalmente restabeleceu contato com aquele professor e pode ver o vídeo, era impossível não perceber os erros que foram acentuados com a sua ausência nas gravações que sua mãe não lhe deixou ir.
Achou bonzinho o resultado, e nem quis ficar com cópia.
Na verdade você nem imaginava fazer nada próximo a isso de novo.
E mesmo depois de entrar na faculdade de Jornalismo em 2003 e com isso começar a frequentar oficinas de cinema e a tentar ser frequentadora de um cineblube, também não fazia planos de encarar essa arte a sério, estava ainda formando-se como apreciadora dela e se achando nesse mundo.
Por isso ia muito esporadicamente ao Espaço Cultural, para a saleta onde os meninos se espremiam nas cadeiras "confortáveis" de madeira, formando um enfileirado de cabeças que revezavam em ficar na frente na hora q vc mais estava prestando atenção no filme.
Você não tinha muita intimidade com discussões fílmicas ou com os grandes clássicos e como ia esporadicamente perdia de ver muita coisa boa, mas o seu olhar ainda era muito imaturo para muitos estilos cinematográficos, algumas histórias e polêmicas ainda lhe eram incompreensíveis.
E assim permaneceriam por mais algum tempo.
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