quinta-feira, março 10, 2022

Eu e eu mesma

 Difícil dimensionar o quanto eu já questionei e diminui a pessoa que sou.

Um dos melhores investimentos que fiz na vida foi ter curiosidade de saber como funcionava a terapia (em Gestalt) ainda na minha adolescência, ao 17 anos.

Estar em terapia por quatro anos, naquele primeiro momento, me incentivou a ter coragem de lidar com as angústias, de ver a vida por perspectivas diferentes da minha, me ajudou a lidar com profundas mudanças. Não via, nem vejo a minha relação com a terapia como um processo a ser concluído, principalmente porque o meu principal objetivo era e é estar em terapia.

A psicóloga que me proporcionou aquele primeiro ciclo terapêutico encerrou seu atendimento clínico, o que determinou a duração daquele momento.  

Não me desesperei ao me ver sem acompanhamento psicológico entre os meus 22 e 27 anos, desejava mergulhar em um novo processo de terapia e compreendi que o faria quando fosse possível.

E assim me vi novamente em terapia por cinco anos consecutivos, num segundo momento, era o meu lugar de respiro, meu incentivo para persistir buscando aquilo que me fazia bem, a possibilidade de reconhecer a mim mesma, de me lembrar sempre que possível da força que habitava em mim.

Em 2017, pela primeira vez, quem optou por dar um tempo na terapia fui eu, um tempo que sem querer durou quase três anos.

Em 2020, retornei a terapia antes da pandemia. E priorizar a terapia mais que nunca foi um aprendizado que veio com a pandemia, já são dois anos fazendo terapia on-line.

A comunicação é uma das prioridades na minha vida, a comunicação é ferramenta da terapia na minha vida, sou imensamente grata pelo acolhimento que recebi e recebo ao buscar desabafar, desabar, desaguar na terapia.

Sou uma pessoa que vive para pensar e pensa demais para viver. E nesse pensar demais, era muito natural me sabotar, me cobrar, não me dar nem espaço para cogitar me perdoar. Não sabia o quanto eu precisava me perdoar, me amar.

Sabia que trabalhava muitas questões dentro e fora da terapia, sentia que ao chegar nos trinta estava abraçando mais a maturidade, mas não fazia ideia que poderia me libertar de tanta coisa e ver eu mesma com mais acolhimento, até encontrar o trabalho de Brené Brown.

Ter reativado este espaço aqui, me permitir mais que nunca valorizar o que eu sinto, penso e tenho vontade de compartilhar. Ao invés de seguir presa no medo de ser julgada, de não ser reconhecida.

Os livros de Brené mexeram comigo, me devolveram um parte de mim que eu ajudei a enterrar, me provaram outras partes de mim que eu nem acreditava que existiam.

Ainda tenho dificuldades de definir quais os valores que me guiam, mas entre eles o que eu mais tenho buscado praticar é a empatia, e isso me possibilitou inclusive aprender a abrir mão de me agarrar nos meus julgamentos.

Entre tantas coisas que o encontro com os livros de Brené me deram e que eu faço questão de levar comigo está a curiosidade, a compreensão de que um dos melhores investimentos que tenho para mim e para a vida é de ser e estar curiosa sobre o que sinto.  

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